Estou presa em mim





Estou presa em mim
Não sei sair
Não tem mais espaço aqui
Sou chuva, sono, escuridão, caos.
Sou a intensidade que me mastiga e apunhala, não sou para todos, sou para poucos.

Você não me ver, você ver o que eu pareço ser.
Você não quer me ouvir
Será se você sabe mesmo se sei sorrir?
Você quer minha mentira e eu não sei mentir.

Registros na casa, meus pensamentos que não param, minhas pernas que balançam.
Minha desgraça que não construí, minha fuga que não chega a lugar algum.

A vida é competição de facadas, mas não tenho armas.
Não sou fraca, sei lutar. Tenho outros métodos para aguentar. Não sou de ferro, as vezes posso chorar.
Estou presa, asas da minha liberdade não me deixam voar, apesar deu andar solta por aí.

Eu sei você não entende, é só mais uma doida, sem jeito, sem rumo.
Te julgam, mas não te escutam.
Quem hoje em dia quer conversar?
Você conta nos dedos com quantos você pode andar.

Não se discuti mais gostos, cores, filmes, música, política, lua, estrelas, universos, ets, medos, desafios, angústias, pétalas...
É tudo tão superficial e minha pior qualidade é pisar fundo.

Eu quero segurar tua mão, olhar o rio, discutir sobre as árvores, admirar o barulho dos pássaros...
Tomar um vinho no seu colo enquanto nossas roupas ficam borradas do nosso afago e cheiro, enquanto nossas almas estão presas nos nossos olhos explosivos.

Eu engoli tuas palavras e me feri, eu engoli minhas palavras e me engasguei...

Será se acreditei? Ou quis acreditar?
Estou presa, não consigo me soltar
Me liberta, me leva...me aceita.
Me tira de mim.

Elen Abreu

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